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Quem teve quem eu tive em casa



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Quem teve quem eu tive em casa

Durante trinta e seis anos e meio

Deus levando, querer arranjar outra

Precisa muito de uma boa coça de reio


Ser chamado de entulho; bem procede

Quem o chamar desse nome tem razão

O entulho é tudo aquilo que não presta

Não se trata só de resíduos de demolição


Ele pode ter sido muito importante

Porém tudo muda conforme a situação

O que não serve nem pra aterro sanitário

É colocado lá. Ninguém quer vê-lo mais não


Colocado, espalhado, pisado, socado

Que é pra nunca mais entulhar a ninguém

Apesar de ter feito parte da maior ostentação

Ao descarta-lo, num só coro; todos dizem amém


O engano foi pensar que eu fosse reciclável

Nisso fui entulhar a vida de quem eu não deveria

Muito triste a gente tentar ser útil e não conseguir

Isso faz com que a gente viva afundado em agonia


Nem convém que eu escreva mais nada hoje

Estou me sentindo num estado nada agradável

Ainda mais sabendo que de tudo o que acontece

Sou o maior culpado, ou melhor, um irresponsável


É engraçada e curiosa nossa língua portuguesa

Coloca o irresponsável na inteira responsabilidade

Parece ter tudo em comum com os nossos feitos aqui

Pedimos a felicidade, ela vem se tornando infelicidade


Somos iguais a um porco na ceva engordando

Engorda, engorda até um dia não mais se aguentar

Seu peso só aumenta e não tem jeito de receber ajuda

Tem que carregar sua gordura para nela própria se fritar


Estou meio perdido, posso ser infeliz nas colocações

Não sei se estou findando bem de acordo com o começo

Mas, ser pessoa tão privilegiada como aconteceu comigo

Fazer burrada depois de tanto!? Que cruel! Me aborreço


Coelho

Em 19.10.2018 às 08:28 hs


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© 2018 Raio X de um coração - Autoria de Antonio Coelho Ribeiro 

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