No trem que eu gosto tanto
- Antonio Coelho Ribeiro
- 24 de fev. de 2021
- 1 min de leitura

No trem que eu gosto tanto
Não estou mais podendo entrar
Aí, quase só viajo no pensamento
Confesso: não tenho pressa de chegar
Eu sempre falo desse trem
E vou dar uma boa explicação
Naquele meu tempo de criança
Era quase a nossa única embarcação
Depois que cresci. O absurdo
Até os trilhos ousaram arrancar
Ainda bem que os que ficaram por aí
Não gastam trilhos, e eu posso é viajar
Minha vó ensinava bordado
E eu parecia estar numa estação
Era cada um mais lindo que o outro
Tinha hora que eu confundia com avião
Aquele tempo é vivo até hoje
Uma maravilha! Que recordação
Avião é só para realçar esse relato
Aquilo andava junto comigo no chão
Dizer aquilo, não é no pejorativo
Muito pelo contrário, meu irmão
É o jeito de elevar o que já é elevado
Nessa hora a gente até falta expressão
Aí, qualquer palavra dá certo
Para evitar o explodir do coração
Ainda mais eu nessa idade toda, ne?
No dizer lá do Onça, “crençudo” aí, não
Não sou crençudo, sou é zoiudo
Se não puder entrar, viajo de fora
Só não devo é ficar parado de bobeira
Conta comigo, trem bão: chego na hora
O entusiasmo é coisa muito boa
Ele veio comigo desde o nascimento
Falou em viagem, tô pronto e no ponto
Bom que a que faço, nem tem pagamento
Deixe-me apear um pouquinho
Viajei boa distância para um só dia
Meus setenta e nove tempos nas costas
Pelo tanto que gosto: ah! Jamais apearia
Coelho
Em 24.02.2021 às 12:34 hs
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