A História do Fui
- Antonio Coelho Ribeiro
- 6 de fev. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de out. de 2024

Fui tanta coisa na vida
Já fui até o que eu não era
Você ia ficar muito abismado
Ah! Se eu lhe contasse toda ela
Na horta, fui um instrutor
No cafezal, fui apanhador
Na enxada, fui um carpidor
Arado e aração, fui um arador
Na serra, fui um serrador
No machado, fui um cortador
No engenho de cana, um moedor
No brejão encharcado, fui drenador
Na tração animal, fui condutor
Do balaio e a esteire, fui tecedor
Na indústria vidreira, fui fechador
A primeira função depois do colhedor
Da casa de chefia, fui cuidador
Do que precisavam, fui comprador
Nas cobranças, fui um procurador
Do pouco que eu sabia, fui professor
O determinado, fiz sem amargor
De todas as tarefas, fui cumpridor
Como se não bastasse, tentei vereador
Graças a Deus! Desta vez, fui perdedor
Às vezes, me chamam escritor
O mais legítimo seria um escrevedor
Você pode até não ficar ao meu favor
Todavia, eu acho que sim, meu senhor
Se disser tudo, dirão: é um inventor
É irônico, ir de espetado a espetador
Não reparem, é só uma dose de humor
Lá, a palavra era tão chique: Inspetor
Depois de tantos erres vêm a dor
Ia me esquecendo, fui um servidor
Na clássica função de um examinador
Hoje, me falta o “érre” da palavra, valô
Da causa, sempre fui um inquiridor
Será porque faltou escrever trabalhador
Imagina se dissesse que fui um pescador
Nem do que me restou, seria o recebedor
Gente... haja erres para eu compor
É um resumo do meu viver! Que sabor
Até sei que tem quem achará um horror
Fui tudo: não quero ser um perturbador
Dizem que tudo é muito difícil
Para mim, difícil mesmo foi o nada
Pra conseguir que eu chegasse até ele
Tive que ser tudo, caríssimo camarada
Saio desta história como ganhador
O ganho do pão deve ser do bom labor
Poder relatar tudo isto, é compensador
Não posso sair sem agradecer ao Criador
Coelho
Em 27.01.2022 às 17:09 hs
MUITO OPORTUNA ESTA POESIA... EU TAMBÉM JÁ FUI....